Café de Torrinha (SP) recebe reconhecimento de Indicação Geográfica e fortalece produção local

O Estado de São Paulo acaba de registrar sua nona Indicação Geográfica (IG), sendo a quinta relacionada ao café. O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) oficializou o reconhecimento do Café de Torrinha como produto de origem, agregando valor à produção local e fortalecendo o associativismo entre os produtores da região.

História e condições ideais para o cultivo

A cidade de Torrinha, localizada no interior paulista, tem sua produção cafeeira ligada à colonização por imigrantes europeus, que chegaram ao município entre o final do século 19 e início do século 20. Situada no alto da serra “cuesta” paulista, a mais de 700 metros de altitude, a região oferece condições climáticas ideais para o cultivo do café arábica, o que contribui para a qualidade do produto.

Religiosidade e apego à terra como diferencial cultural

Segundo o auditor fiscal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Francisco José Mitidieri, a notoriedade do café de Torrinha está associada à religiosidade local, uma característica importante que ajuda a difundir o apego à terra e ao cultivo do café entre os produtores da região. Mitidieri, especialista em processos de Indicação Geográfica em São Paulo, destaca que o selo é uma oportunidade para elevar as boas práticas, proteger o patrimônio intelectual e promover produtos de origem.

Processo de reconhecimento e envolvimento da comunidade

O pedido de IG foi formalizado em 2023 pela Associação dos Produtores de Café Natural do Bairro Paraíso do Alto de Torrinha (Cafenato). Naquele ano, Guilherme Campos, então superintendente do Mapa em São Paulo, encaminhou o processo para as instâncias responsáveis em Brasília. Campos ressaltou que o reconhecimento da indicação geográfica atrai visitantes, estimula o turismo regional, amplia o mercado e valoriza o produto, elevando a renda dos produtores.

Participação em eventos acadêmicos

Em dezembro, os produtores de Torrinha participaram do evento “Marketing Experience”, promovido pelos alunos de Economia e istração da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), onde apresentaram seus cafés, reforçando a importância da IG na divulgação do produto.

Importância da Indicação Geográfica

As indicações geográficas são políticas públicas que protegem e promovem a propriedade intelectual de produtos ou serviços ligados a regiões específicas, reconhecendo suas características territoriais e culturais. Embora o Mapa incentive essa política, a concessão da IG é realizada pelo Inpi, órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O Sebrae-SP e o Instituto Federal de São Paulo (IFSP) também apoiaram o processo para Torrinha.

Perfil dos produtores e expectativas com a IG

O presidente da Cafenato, Ednir Mateus Spigolon, afirmou que o município conta com cerca de 240 cafeicultores, em sua maioria agricultores familiares residentes nas próprias propriedades. Ele ressaltou a tradição centenária da produção local e as condições climáticas que garantem um café diferenciado. Para Ednir, a IG proporcionará ganhos relacionados à qualidade do produto, mesmo que a quantidade seja limitada pelas características das pequenas propriedades da região.

Outros produtos com Indicação Geográfica em São Paulo

Com o café de Torrinha, São Paulo a a contar com nove produtos reconhecidos com IG:

  • Café da Alta Mogiana
  • Calçado de Franca
  • Café da região de Pinhal
  • Cerâmica artística de Porto Ferreira
  • Café da região de Garça
  • Calçado infantil de Birigui
  • Uva niagara rosada de Jundiahy
  • Café do Vale da Grama
  • Café de Torrinha

Este reconhecimento reforça a diversidade e a qualidade dos produtos paulistas vinculados à sua origem regional.

Café de Torrinha agora tem IG: diferencial de mercado (Foto: Ednir Spigolon)

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio